terça-feira, 10 de maio de 2011

O tradicional almoço do Dia das Mães (de Minas)

A história de que mãe não pode cozinhar no almoço do Dia das Mães nunca colou com a minha, ela fez questão em quase todas as vezes, sempre com desculpas de que qualquer restaurante estaria cheio, mas a verdade é que ela gosta de servir seus pratos e ganhar elogios.

Esse ano tentei novamente e colou, eu ofereci o almoço do domingo. Não foi simples, tive que convencê-la diversas vezes de que ela nem passaria perto da cozinha, nem uma espiadinha, mas ela não se controla.

Minha proposta para o evento: comida mineira! Depois da Dona Lucinha não saímos do clima.  

Fiquei obcecada pela receita da geléia de rapadura, perguntei para cada mineiro autêntico e fajudo que conheço e nada. Foi quando minha irmã, a última pessoa que procuraria por conselhos nessa hora, tirou da cartola um livro de receitas de Minas Gerais da Ed. Abril o primeiro exemplar de uma coleção que ela nunca teve a intenção de completar.


Vasculhei o livro algumas vezes e confesso que não consegui chegar ao fim, as fotos são MUITO apetitosas e a fome me abatia a ponto de desistir da jornada. Parece triste, mas é a pura verdade, o livro me causa MUITA FOME.

Dias antes do almoço parei para desenhar o cardápio: Feijão Tropeiro, Couve, Arroz, Costelinha assada e cadê a receita do molho? Voltei encorajada para enfrentar o livro, página por página, cheguei bem perto do fim, quando já desanimada encontrei "Receitas dos Chefs" e a simpática Dona Lucinha apareceu ali como uma luz no fim daquele túnel faminto, humildemente compartilhando a receita do seu molhinho.

Ouvi anjos cantando! Meu cardápio estava finalmente completo.

Depois da comemoração bateu uma pergunta "Mas… e a rapadura?" Onde é que se vende isso, minha gente?

A semana passou e nada. Já estávamos quase no dia do evento e a homenageada salvou tudo! ela encontrou o ingrediente na feira.

Domingo cedinho começou a preparação, foi bem difícil, na noite anterior fui a um casamento e minha cabeça ainda estava rodopiando, mas como um video clip do filme Rocky fui até o fim.

A Helen (minha mãe) não conseguiu ficar à parte, ela teve que se envolver. humpf… então foi promovida à preparação da costela no forno.

Para fazer o feijão tropeiro precisei só do feijão mesmo, cozido al dente e coado. Assim, com o caldo do cozimento incluí alguns ingredientes que na hora fui pensando e provando, e saiu um Caldinho de Feijão de entrada bem gostoso.
 

Se pedir para fazer outro igual não vou lembrar, mas acho que coloquei azeite, alho, pimenta, sal, linguiça, salsinha e cachaça de alambique (outro presente da Dona Regina).

A couve foi bem simples, à lá Helen, uma aferventadinha e depois uma douradinha no azeite e alho.

Para o feijão tropeiro, segui a receita da Elzinha Nunes (aqui).



A costela ficou em um marinado muitas horas antes com vinho branco, alho, alecrim e outros temperinhos, depois foi ao forno coberta com papel aluminío e, para finalizar, descoberta para dourar e ficar assim - LINDA.



Por fim, o tão esperado molhinho de rapadura, não acertei muito o ponto mas teve salvação e ficou quase que um Outback das Gerais.

Já tinha cozinhado em dupla, e sozinha apenas um dos pratos, nunca tinha feito tudo do início ao fim. Foi meu primeiro grande banquete e adoreeeeeei, e posso garantir que a Helen também.

;)


BEIJOCAS

Mineirinha por apetite

Eu sou completamente apaixonada por Minas Gerais, a comida, o sotaque e os mineiros.

Acho incrível o ritual das visitas, tem sempre um mineirinho te recebendo com um banquete.

Recentemente adotei a Dona Regina como minha conexão com essa festa, sogra da Mayara, minha sobrinha, ela sempre me presenteia com uma marmitinha saborosa, não importa a ocasião.

Esse fim de semana não foi diferente, ganhei um QUEIJO!!! Sim, um queijinho lindo e autêntico de Minas que ela e o S. Marcos trouxeram para mim em uma de suas visitas à terra natal. 





Quase que um contrabando de carinho.

Se não bastasse tudo isso, o queijo é inacreditável, dá para cortar com colher, diria que é o verdadeiro Queijo Brie de Minas Gerais.

Em dois dias ele já está quase chegando ao fim e comecei a regular para durar mais.

A Dona Regina é uma querida, ela faz feijoada para 200 pessoas como se fosse um improviso de segunda-feira, típica pessoa que tem mesa grande em casa que é para acolher todo mundo nesse ritual.

Já falei aqui sobre o que chamo de Mood Food, e acho que Minas é a essência disso, as mulheres cozinham e recebem com muito gosto e a relação com a comida vai muito além da alimentação, é uma demonstração de afeto. A cada pãozinho de queijo, docinho de leite, ambrosia, um tutuzinho, tem muito mais que só ingredientes.

Esses dias eu e minha mãe assistimos a Elzinha Nunes, chef e filha da Dona Lucinha, na TV ensinando a fazer um feijão tropeiro. Quis sair correndo imediatamente para o restaurante, mas tive que esperar até o fim de semana, aquilo me corroeu até a chegada do sábado.



O Dona Lucinha não é só uma delícia de Minas mas também é do ladinho de casa. Ao chegar lá, demos de cara com a Elzinha Nunes em pessoa, minha mãe eufórica já foi logo dizendo que estávamos lá por resultado do programa de TV e aí a conversa foi ótima!

Ela fez questão de explicar o buffet e o estilo do restaurante. Eu já tinha ido muitas vezes, mas nunca visitei com um guia turístico local e me deparei com deliciosas descobertas.

A melhor delas foi uma geléia de rapadura que acompanha a linguiça caseira do restaurante. Nunca tinha dado atenção àquele potinho - ENLOUQUECI. Não é muito doce e ao fundo você sente o gosto de uma cebola caramelizada, o par perfeito para a carne que já não precisava de companhia.

Minas é meu happy place e graças a essas pessoas lindas eu posso me transportar para esse cantinho com gosto de fazenda a qualquer momento.

:D

BEIJOCAS

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Helô x O Bacalhau da Semana Santa

De uns tempos para cá definitivamente ando com um espírito mais curioso e ao mesmo tempo uma pressa de recuperar aquilo que possa ter perdido.

Uma delas fui me dar conta agorinha, já tinha parado com qualquer frescura em comer, se é que algum dia tive uma.

Comecei a contar e inúmeras coisas, que hoje não vivo sem, eu costumava abominar na infância como manteiga, mel, feijão, lentilha, e a lista não pára.

Nessa levada de consciência do paladar resolvi partir para uma fase mais hard core, enfrentar mesmo os medos. Provei rabada com agrião no restaurante mineiro e curti, salada de grão de bico foi ok, cuscuz eu amei. Em reunião com japoneses, comi animadíssima um salgadinho sabor do mar, não faço idéia do que tinha ali.
 

A cada prato esquisito um orgulho de desafio conquistado.



Salgadinho Sabor Oceano

Mas para tudo isso ser verdade precisava encarar meu mais temido prato, o Bacalhau.


É definitivamente um dos peixes mais feios que já vi.

Já disse aqui, a minha mãe é portuguesa e Bacalhau em casa é mais comum que arroz e feijão, mas nunca me desceu o cheiro, nem a aparência muito menos a textura, um pânico total. Nunca entendi o que as pessoas viam de bom nisso.

Chegou a Páscoa, época em que o Bacalhau é mais pop que o próprio coelhinho, eu não poderia me deixar intimidar por isso, em casa o festival é completo, rola ao braz, de forno, risotto, salada, tipo Halloween mas com peixe salgado.

A aquela altura já era uma questão de honra, não se tratava mais em apenas provar o prato, eu preciso começar a gostar de Bacalhau.

Quinta-feira do feriado, algo estava cheirando muito delícia na cozinha, minha mãe fazia um refogado com cebola, alho, azeite, tomate, pimentão, e acho que era só, incrível, só de olhar você se impulsiona a pegar um pãozinho. "Pra que essa coisa linda?"  perguntei, "Para o Bacalhau ao forno" respondeu ela. iiiii brochei.

E ela montou o Bacalhau já em pedacinhos intercalado desse refogado, batatas cortadas em rodelas e temperinhos, para ir ao forno, ficou assim:



Depois, ela decora com azeitonas pretas para servir, essa não deu tempo de clicar.

Ficou lindo! O incentivo que precisava para encarar, fui até o fim, o prato inteiro.

A parte do forno, das batatas, pimentões foi muito bom, já o Bacalhau, não foi dessa vez, comi mas não amei.

Ainda não gostei, mas já consigo comer numa boa, não é ainda algo que eu pediria em um restaurante.

Quem sabe em Portugal…

BEIJOCAS