domingo, 27 de abril de 2008

Resoluções de sabor.

Passar por dificuldades desperta na gente uma vontade de ser melhor e pedir por uma chance de fazer diferente, um grande clima de resoluções de vida, como as do fim do ano.

Depois do que passei e ainda estou vivendo, foi inevitável a confecção de uma série de listinhas de resoluções. No hospital temos bastante tempo para pensar nas coisas, fiz listinhas para tudo: vida pessoal, saúde, trabalho, amigos, amor e é claro que também para a comida.

Pensei em uma série de itens que preciso saborear assim que puder, quando a dieta mole não for mais um assunto freqüente nesse blog e na minha vida.

Dividi as minhas resoluções do sabor em três áreas.

Começo pelos eventos gastronômicos da cidade (São Paulo) que eu sempre quis conferir mas por motivos diversos e que não consigo lembrar, nunca fui. Lacunas vergonhosas para uma paulistana que leva comida tão a sério como eu. Listei apenas três, não queremos abraçar o mundo de uma só vez, não é?

Festa da Nossa Sra. Achiropita. Sabor de fé, de ação social e de comida farta. Festas tradicionais como essa me fascinam. Todo ano assisto no noticiário aquelas pessoas sorrindo, cantando e passando com aqueles pratos de papel alumínio cheios de macarrão e, todo ano, tenho vontade de me juntar a eles. Uma celebração muito linda regada a carboidratos, muito especial. No site (http://www.achiropita.org.br/) encontrei um dado que não conhecia, uma das atrações especiais da festa é o queijo provolone com dois metros de comprimento e mais ou menos 100 quilos, fiquei emocionada.

Feirinha da Liberdade. Preciiiisooo. Esse grande buffet a céu aberto deve ser mais do que divertido. Passear por uma rua e a cada poucos passos poder saborear Yakissobas, tempuras, guiozas, sushis e outras delícias, para mim é um evento imperdível, preciiiisooo. Confesso que o que me atrai na feirinha são os salgados, não sou uma apreciadora dos doces japoneses.

Mercadão. Esse deixei por último por que é realmente uma vergonha. Mas com muita coragem assumo e deixo registrado: eu nunca fui. O que me desperta nesse evento não é somente o sanduíche de mortadela gigante, é tudo o que esse ícone da cidade oferece. Quero provar o Mercadão além dos seus clichês, todas as suas delícias, os petiscos, as frutas, os queeeeeijos, quero deixar que ele me surpreenda.

A segunda resolução da minha lista foi inspirada no livro que estou lendo, O homem que comeu de tudo, escrito por Jeffrey Steingarten (genial!). Ele começa a sua “aventura” enfrentando suas repulsas no mundo da culinária mundial. Para isso, ele se apega a uma teoria comprovada de que, após provar 10 vezes um prato (ele conta com detalhes isso e é claro que eu não contarei aqui), você é capaz de acabar gostando dele. E foi isso que ele fez, foram poucos os casos que não conseguiu reverter a situação.

Isso é o que eu chamo de resolução: transpor suas barreiras.

Para começar, fiz uma lista grande das coisas que não gosto de comer. Coisas que já tentei e não consegui, mas talvez nunca tenha tentado dez vezes. Para essa tarefa listei apenas três das minhas maiores aversões culinárias:

Bacalhau. Eu sou filha de uma portuguesa que cozinha muito e nego minhas raízes por não gostar de Bacalhau. É uma vergonha (outra). Na minha casa esse é um prato quase dia-a-dia, conheço pessoas que adorariam morar aqui somente por este fato. Lembro que quando íamos para a casa na praia, o prato rápido que minha mãe fazia era bacalhau cozido com legumes e banhado em muito azeite e, para Heloisa (me!), um sanduíche ou uma lasanha da Sadia. Affeeee. Preciso enfrentar essa minha porção filha desnaturada e aproveitar o que a vida me proporcionou, Bacalhau à moda portuguesa, de verdade.

Mariscos e seus amigos. Esse item também consta na lista de repulsas do livro, nela Jeffrey narra com genialidade seu medo pelos cantos obscuros que existem além daquela carne, dentro da concha. Ao ler esse trecho conectamos! Ele falou comigo (profundo isso?). Me fez pensar sobre essa minha repulsa e questionar se ela existe devido aos cantos escondidos e misteriosos da conchinha. Seria isso? Seria a sua aparência de cérebro de um pequeno ser monstruoso do mar? Ou seria sua textura duvidosa? Motivos e teorias de lado, preciso ao menos tentar perder esse medo, esses amiguinhos aparecem em diversos pratos que aprecio. Mas, enquanto o dia de ticar a lista não chega, conchinha para mim só a de abraço na hora de dormir.

Coelho. Esse é um medo de infância. Minha mãe tinha um tio que criava coelhos no quintal da casa dele. Eu adorava brincar com eles. Além de querer levá-los para a casa, ainda era uma fase que eu associava aquelas coisas fofas com uma outra mais fofa ainda, a do coelho que me trazia chocolate embrulhado em papel de presente. Uma relação de amor tinha sido estabelecida ali. Certo dia, cheguei na casa do tio e não encontrei mais os coelhos que vi crescer, descobri que eles tinham virado o almoço, detalhe: descobri isso depois de comer. Um filme de horror para uma criança cheia de amor. Desde então, coelho nunca mais, mas agora estou disposta a tentar provar esse prato novamente.

Por último nas minhas resoluções do sabor: mais lacunas. Coisas que adoraria provar mas nunca fiz por medo e/ou por acabar optando por outros pratos do cardápio no momento de pedir, escolhas mais seguras. Novamente listei apenas três:

Cordeiro. Você já passeou pelo shopping ou folheou a Vejinha e se viu babando naquela foto linda de anúncio de uma costela de cordeiro? Eu já, várias vezes. Aquilo me tira do sério. Já me disseram que não é tão saborosa quanto parece, mas eu preciso provar aquilo. Talvez minha fantasia tenha um sabor bem mais delicioso do que a realidade, mas é um risco a correr.

Vieiras. Jamie Oliver me catequizou e eu sairei em busca da descoberta das vieiras. Um mundo aparentemente bem mais delicioso. Elas são lindas e brilhantes e é o único caso que eu não ligo de ter saído de uma conchinha, não até eu prová-las.

Perdiz. Chique, perdiz. Tenho certeza que o que me manteve longe delas foi a aparência na hora de servir. Muitos amigos me dizem que é uma delícia, mas toda vez que vou provar acabo amarelando. Eu preciso preencher essa lacuna que chega a afetar minha vida social. Esse item não me provoca tanta vontade quanto os dois primeiros mas age no meu medo de coisas de aparências que não me agradam mas que podem surpreender no sabor.

Depois de todas essas lacunas e repulsas, concluo que eu não sou chique como achava que era. Chega de revelações por hoje.

Apesar disso, as minhas resoluções/revelações me deixaram animada e com força para uma recuperação mais rápida. Mal posso esperar para andar por aí ticando minhas listinhas.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Comida, um presente.

Domingo é um dia movimentado com visitas para quem está em recuperação. O ritual é uma delícia, cheio de carinho, histórias, cafézinho, às vezes flores e presentes.

Ontem não foi diferente.

Minha tia, uma pessoa que ninguém entende o por que ela não abre uma confeitaria (ou seria uma doceria? confeitaria, não vejo as pessoas usarem essa palavra), me trouxe um lindo presente: uma grande e linda torta holandesa, feita por ela, é claro.

Uma pausa: De acordo com o meu pensamento do mood food (veja nos posts anteriores), a torta que ganhei, além de ser feita com gostosuras, também tem carinho de família e pensamentos positivos para uma rápida recuperação. Sabor mais do que especial. Hummmmmm...

É de longe a melhor torta holandesa que já comi. Um presente memorável.

Como todas as mulheres da família a minha tia também é exagerada, me presenteou com uma torta deliciosa e enorme. Meu tipo de comida, farta.

Olha que linda a fatiazinha (foto), parece um bolinho de aniversário.


Não sei como ela consegue, o creme é delicioso, docinho (mas não muito, no ponto) e leve, aerado.

A cobertura é uma camada de felicidade, às vezes penso que é um mousse (um mousse ou uma mousse? don’t care, é delicioso), às vezes concluo que é uma trufa de chocolate.

A massa é fininha e molhadinha, na primeira garfada você já percebe que é feito com biscoitos, para mim, essa massa é a combinação perfeita para receber o creminho que define que essa torta é gênio!

E o toque final: rodeada de bolachas Calipso (aquela banda quase estragou meu apreço por essas delícias. Quase! O sabor deve sempre prevalecer), adooooooro.

Acho um máximo pessoas que presenteiam com comida. Quando é preparado por você, mostra o quanto gosta da pessoa. É muito especial.

Quando você vai visitar um amigo que está doente uma das opções é levar uma caixa de chocolates, nos filmes, as boas vindas a um novo vizinho são seladas por uma torta de maçã ou uma cesta de muffins. Isso me faz questionar: por que não ganhamos comida em nossos aniversários?

Eu já ganhei lá lá lá lá :-P

Foi uma vez e nunca mais esquecerei. Tenho uma tia (outra) que faz as melhores empadinhas do mundo. Não tem jeito, toda vez que provo uma empadinha em um lugar novo eu lembro da Tia Dê, até agora nenhuma me fez mudar de opinião.

Alguns anos atrás encontrei a Tia Dê e passei horas elogiando as empadinhas que ela faz. Acho que exagerei, falei tanto que no meu aniversário daquele ano ela me presenteou com 100 empadinhas, isso mesmo, 100. Não pressionei nem dei indiretas, eu juro, eu acho. Foi um presente muito especial.

Eram 50 empadinhas de palmito e 50 de frango, minhas favoritas.

A massa que ela faz é inexplicável, quando provo empadinhas por aí a massa nunca está em um ponto fantástico como as das empadinhas da Tia Dê. Ou estão muito oleosas ou desmancham muito fácil. A massa feita por ela permite que você dê uma mordida com vontade sem que tudo se desmanche, perfeita!

Empadinha é demais, só não ganham das coxinhas no meu Top Comidinhas. Parecem pequenas panelinhas comestíveis e assadas que guardam uma gostosura dentro.

Comida, um grande presente.

Aí vai uma dica, uma indiretinha, talvez... meu aniversário é só em agosto, mas antes disso temos muito o que comemorar, não?

domingo, 20 de abril de 2008

Criança outra vez.

Quando falei que nasci de novo não contava que ia ser tão fiel a essa expressão. Baby steps para quase tudo.

Comer é uma delas. Primeiro foram os líquidos e agora as coisas moles, amassadas, desfiadas e fáceis de comer. Como um bebê (que fofa eu).


Tudo com sabor de infância, sabor de cuidado de mãe. Tem sido uma grande experiência e
uma das partes mais agradáveis da recuperação.

Ando comendo coisas de crian
ça, mas o meu apetite continua como sempre, o de uma pessoa grande e faminta que gasta boa parte de seu tempo sonhando com comida.

O mundo de refeições de uma criança tem suas (muitas) delícias, co
isas que não sei por que abandonamos com o tempo. A dietinha é uma grande desculpa para eu comer o quanto quiser em papinhas da Nestlé. hummmm.

Gosto das de frutas apenas, as sopinhas não me pegam, com suas combina
ções muito estranhas elas não fazem nem cócegas no meu apetite. Mas é compreensível, são feitas para bebês e não para mulheres de 25 anos que estão em busca do sabor.

As papinhas doces. Adooooro. Por que a gente não continua
comendo coisas assim depois que cresce? Será que temos vergonha de comer direto daquele potinho fofo? Eu não sei a causa que me manteve distante dessas delícias mas fico feliz por ter voltado para elas. A titia promete não mais abandoná-los, potinhos lindos.

Minhas papinhas (foto), aposto que despertará vontade em
você.


Na minha dietinha não entram somente as papinhas da Nestlé. Minha mãe faz um prato lindo com banana amassada no microondas, açúcar e canela. Não fico um dia sem. Delicioso! Ela também acrescenta de vez em quando no cardápio creme de abacate. Minha mãe arrasa!

A experiência de ser criança outra vez nessa recuperação não está somente nas saborosas papinhas e coisas nutritivas. Essa semana, depois de muito tempo, fui ao Mc e pedi um lanche feliz.

Para as crianças, ir a uma lanchonete é um evento e para mim não foi diferente. Fiz questão do brinquedinho e tudo, o evento quase completo. Quase por que compramos do drive-thru.


Comi um Mc Molinho, o item mais adequado para minha dietinha, um cheeseburguer. Um e meio, na verdade. Me trouxe felicidade. Para mim, cheeseburguer tem o mesmo efeito que um chocolate, traz carinho e conforto.


Já levou uma criança ao Mc? Ela demora horas para comer uma caixinha de nuggets enquanto você, adulto formado com apetite voraz, em um piscar de olhos, come dois sanduíches, alguns nuggets da caixinha da criancinha (para ajudar, claro), batatinhas e um sundae com calda extra de caramelo (talvez eu tenha descrito um Mc pedido meu em dias de boa forma, talvez, you’ll never know). E foi assim, como uma criança, que comi meu cheeseburguer e meio, muito devagar e feliz por estar ali. Detalhe, comi com garfo e faca (é a única maneira que consigo no momento, sem graça, né?), isso explica o drive-thru.

A lentidão que preciso aplicar na hora da refeição vai diminuindo meu apetite e assim acabo comendo menos que o habitual. Segredo de toda a dieta para perder peso. Frustrante para uma pessoa que normalmente pede o cheeseburguer como acompanhamento do lanche de verdade mas, baby steps, eu voltarei à forma em breve. Apesar disso, meu evento foi muito bacana, me trouxe felicidade e um brinquedo.

Uma pausa: cheeseburguer do Mc não é suficiente para ticar o item Cheeseburguer da minha lista do Top 5. Não conta, é café-com-leite.


Nem tudo precisa ser de criança ao pé da letra, podemos fazer uma releitura do prato como fazem os chefs de cozinha. Ontem foi assim. Crianças adoram ir ao Habib’s assim como apreciam o Mc, o Burger King, o Bob’s e até mesmo o Girafas (esse preciso conferir um dia, o cheeseburguer com o que parece ser um omelete e bacon na propaganda me deixam com vontade. Se não for ovo naquilo, por favor, não estraguem minha fantasia), é o mesmo tipo de evento.

Eu adoro culinária árabe, mas a minha criança dessa recuperação não teve muita voz nesse episódio, eu não poderia encarar um Habib’s nesse momento frágil que me encontro. Peço desculpas aos apreciadores da rede e à minha criança interior. Releitura é o que chamei ontem, fazer um pedido de um restaurante árabe sério.

Minha releitura do evento Habib’s: uma esfiha de verdade de carne e outra de queijo (foto). Aproveitei a ocasião e encontrei meu velho amigo, o queijo derretido (again, o cheeseburger do Mc não conta) nunca fiquei tão longe assim dele. Queeeeeijo. Poderia ficar repetindo isso o dia todo: queeeeeeeeeeeeijo.

Apesar de delivery e nenhum brinquedo, para mim foi um grande evento, fiel às sensações de uma criança no Habib’s. Releitura com sucesso. Criança grande feliz. :-)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Mood Food.

Podem me chamar de louca mas acredito (e muita gente concorda comigo) que o mood da pessoa afeta a comida na hora de cozinhar.

Braveza, ansiedade, tristeza, coisas ruins em geral são transmitidas para os indefesos ingredientes. Coitadinha da comida, não tem chance de ganhar um saborzinho com tanta energia ruim assim descarregada em cima dela. Acho um crime! Uma maldade!

Comida de mãe tem um sabor especial por que elas fazem com amor e as pessoas deviam fazer o mesmo. (oooops, me empolguei. Fiquei brega também, né? Vou me recompor).

Estava conversando com um amigo hoje e lembramos de uma certa “tia do salgado” que conhecemos (algumas pessoas saberão de quem estou falando. Vamos preservar o nome dela, please. Não quero que ela peca o negócio). Eu nunca provei o que a tia vende por que ela está sempre triste. É o tipo de pessoa que quando você pergunta educadamente “tudo bem?” ela responde “ah filha, tudo péssimo” e aí começa a destrinchar um problema, impressionante como ela tem um para cada dia do ano.

Muitos concordam que o salgado da tia tem tristeza, e eu alerto: isso pode passar para você.

É sério, nunca ouvi ninguém falar bem de nenhum item da cestinha dela. Assistia as pessoas comprando e comendo para preencher uma fominha da tarde, mas nada saboreado, apreciado ou elogiado. Apenas engolido. Isso prova minha teoria, tem tristeza naquilo!

Eu estendo o pensamento da mood food para a hora de servir a comida também. A tudo que cerca a comida, na verdade.

Na padaria em frente à minha casa tem uma garçonete que apelidei de “a pessoa que espalha o ódio na Terra”. Peço só o básico, um pão com manteiga, quando é ela que está servindo.

Tudo começa com o andar. Lento e sem vontade. A expressão é de muita raiva (sempre fico tentando adivinhar por que). Ela vira para você com nenhuma sutileza ou princípio de simpatia e diz “já pediu?”, tem vezes que escuto até um rosnar. Você corre para pedir logo e se ver livre da situação. Ela traz o prato. Se vier errado não reclame, não sei o que é capaz de fazer. A comida não tem o mesmo sabor quando ela está servindo (é sério, não é perseguição).

Acima, a descrição de um café-da-manhã que deveria ser longo e leve mas fica aterrorizado quando sou atendida pela garçonete do Chucky. O pior de tudo é que ela está grávida. Isso se reproduz! Affeee.

Mas existe salvação para isso. O mesmo pensamento serve para o contrário. Felicidade, bom-humor e bons pensamentos também afetam a comida e a tornam mais gostosa. Com sabor especial.

A melhor paella que já comi na vida foi feita ao som de James Taylor. Aquele senhorzinho com carinha de paz e amor e suas canções embaladinhas deixaram o jantar harmonioso e impressionantemente saboroso. Foi incrível!

Depois do problema de saúde e a recuperação, tudo para mim tem um gosto diferente e agora estou levando muito a sério a good mood food. Em todos os aspectos, cozinhar, saborear, servir. Na verdade estou tentando aplicar o good mood para quase tudo.


Façam um teste. Me levem a um restaurante e comprovem que não vou mais reclamar do lugar de sentar. Prometo.

Trying to be a better person. :-)

domingo, 13 de abril de 2008

Gnochi é molinho, não é?

Pode, não pode?
Sei lá, mas eu fiz.


Gnochi ou Nhoque? Não importa, adooooro. É uma das minhas massas favoritas e, olhem só, cabe na minha dieti
nha (Acho. Se não, agora já foi hihi).

Estava com muita vontade de cozinhar. Chamei a Mayara, minha sobrinha que estuda gastronomia, para fazer comigo.


O páragrafo acima merece uma explicação rápida: tenho 3 sobrinhos, a Mayara é a mais velha, ela tem 19 anos. Eu fui tia muuuuuuuu
uuuito cedo. Temos apenas 6 anos de diferença, eu sou muito jovem. Pronto, explicado. ;-)

Voltando, chamei a Má para me ajudar a fazer o almoço, começamos um pouco tarde, umas 11:30h, mas deu tudo certo e foi muito divertido.

Peguei a receita n
o Cyber Cook (http://cybercook.uol.com.br/mostra_receita.php?codigo=5653), do Chef Allan (adooooro) e, só para passar uma certa confiança, ligamos para minha tia e pedimos também a receita e algumas dicas dela.

Fizemos um mix.


Ficar muito tempo em pé é uma coisa
que eu ainda não consigo fazer, eu adoro mexer com massa mas hoje a parte de abrir e cortar ficou por conta da Má. Fiquei no banco de reserva.

Um passo de cada vez, não é mesmo?

Nossa
, olha eu que metida: “hoje a parte de abrir...” Nunca fez gnochi antes, acorda Heloisa!

Bom, fazer a massa (essa foi uma das partes que eu me encarreguei) foi demais, fiquei sentadinha, amassando e mexendo.
(Foto 1: Preparando. Foto 2: Gnochi lindo, depois de sair da panela)

A casa estava cheia, muito especial, há muito tempo não recepcionávamos um almoço em um domingo, um almoço de família. Tudo fica mais gostoso quando pessoas queridas estão por perto. Mesmo que elas ficam opinando na forma que você está cozinhando, não é Mãe querida? (hehe)

Conforme as pessoas foram chegando e a hora passando, a gente foi colocando algumas para ajudar. Ninguém mandou entrar na cozinha ou chegar antes do prato ficar pronto. :-P

Depois de algumas (muitas) horinhas e todo mundo com muita fome, o gnochi ficou pronto e delicioso! O molho estava levemente apimentado (ooops, fui eu) e a massa no ponto certo. Na mesa queijo, muito queeeeeeijo.

(Foto: Meu prato, que lindo)


Foi muito divertido.

Dietinha que nada... hoje eu fiz uma refeição. E em família. Especial.

(Feliz e grata pelo dia de hoje).

sábado, 12 de abril de 2008

Primeira feijoada!

Tchatchiiiim!

(Tchatchiiim: som emitido com alegria ao ticar um item de uma lista. Cada pessoa tem o seu, o meu é esse, tá? :-P)

Ticado o primeiro item!

Magu, não fica brava, sei que você queria me trazer sua famosa feijoada assim que eu pudesse comer. Mas foi tudo muito rápido, não estava planejando comer hoje mas é claro, que sua feijoadinha linda será recebida com muita muita alegria.

Bom, primeira feijoada depois de muito tempo, outra conquista. Hummmmmm, repeti várias vezes.

Fiz um grande prato com arroz, muito muito caldo de feijão, feijão, carne desfiadinha, linguiça picadinha, farofa, um pouco de couve e banana frita, tá eu sei banana à milanesa não faz parte da feijoada, mas da minha faz (vendida separadamente) e fica uma delícia.

A feijoada hoje foi do meu lugar preferido, o Consulado Mineiro, minha irmã foi muito fofa, enfrentou trânsito e fila, e foi buscar para mim. Antes que o René fale que a feijoada do Consulado não é a melhor que ele conhece, adianto, é a melhor que eu conheço até o momento e estou aberta a novas sugestões.

O Consulado Mineiro para mim é um lugar muito especial, merece um post só para ele (assim que fizer uma visita). Um lugar que ao abrir o cardápio você lê: Servimos feijoada todos os dias, para mim só pode ser muito especial. Eu fico emocionada toda vez que leio isso no cardápio deles. Respeito demais.

Mas, a feijoada! Não dá para descrever a sensação quando você faz pela primeira vez uma coisa que ficou dias sem poder fazer. Sabor de carnes suculentas com vitória. :-)

Comer não é uma tarefa fácil para mim ultimamente, principalmente quando entrei na dieta mole. A minha boca não está 100% ainda, é difícil, precisa ser de pouquinho em pouquinho, chega até cansar. Mas vale cada segundinho.

Estava deliciosa como sempre. O feijão com sabor de fazenda, as carnes então, sabor de tempero de casa e o meu toque favorito, a banana frita estava docinha, crocante por fora, cuidadosamente molinha por dentro.

Cada garfada uma felicidade.

(Suspiro).

Mal posso esperar para ticar outros itens da lista.

Viva a Dietinha!

Molinha.

Fui ao médico ontem e recebi a boa notícia, ele disse: Agora você pode começar a comer coisas moles.


Estava preparada para entrar no step dos pasto
sos, com purês e seus amigos. Mas ele me presenteou com essa notícia.

Tudo tem um gosto diferente agora, gosto de conquista, de melhora, de chegando lá. O que aconteceu comigo mudou muito o meu modo de pensar algumas coisas e enfrentar certas dificuldades. Estou saboreando cada prato, cada dietinha, como uma
grande conquista.

Voltei do médico e comi um pão (molinho, claro) com requeijão. Foi o melhor que já provei.

No almoço, arroz, frango ensopad
o e batata. Quase chorei de alegria. Comi tanto que nem consegui jantar.

Olha que linda minha Dietinha! Finalmente estou entrando na refeição! Estou muito muito feliz.



Como vocês podem ver no prato, eu subi um degrau no hall das dietinhas mas não escapei ainda da comida de nenê, tudo picadinho e amassadinho. Recuperação é um passo de cada vez. Essa é a minha dietinha molinha, a minha conquista.

Sou muito grata a tudo o que está acontecendo comigo, está me fazendo acordar para a vida. :-)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O René comentou...

Virou post.

Amoooo comida japonesa, ele sabe disso, mas não consegui encaixá-la no Top 5 sei muito bem por que.

Estou há muito tempo tomando sopinha, no meio do caminho fiquei 10 dias com a sonda, sem nem papinha. Os meus sonhos com comida no momento são coisas muito quentes, consistentes e extremamente calóricas. Comfort food.

Claro que o japa está na lista, não nos 5 primeiros, talvez o número 6. Esses dias tive vontade de comer um grande temaki de salmão completo.

Acho aquilo tudo muito lindo, tudo coloridinho, na minha opinião, é de longe nita 10 em apresenção. Aqueles peixinhos lindos brilhando, hummmm...

Comida japonesa quase me matou um dia, o René também sabe disso, intoxicação brava no ano passado. Como vocês podem ver eu tenho passado por momentos facéis, não? Mas, voltando ao assunto, gosto tanto de comida japonesa que nem uma intoxicação me deixou longe dela. Logo que sarei voltei a comer normalmente.

Já a coxinha, concordo Sr. Diretor, vou analisar as opções, fazer um “Em busca da melhor coxinha de São Paulo”, postarei no blog. E aí, quem sabe, eu mudarei meu profile. ;-)

Para quem gosta de teatro e quiser conhecer, o blog do René é: http://gregorsamsara.blogspot.com/

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Top 5: pratos que quero comer assim que puder.

Tem um episódio de Friends onde o Ross faz uma lista com 5 celebridades que ele poderia dormir se encontrasse. Ele passa o episódio todo tentando chegar a esses 5 nomes, fazendo contas, probabilidades de encontrar determinadas celebridades na cidade, etc. Ao final, ele chega com uma lista plastificada mas o rosto dele diz claramente que mesmo assim não ficou confortável com a decisão.

É assim que encaro esse post, até mais importante. Desde o hos
pital venho pensando nisso, foi difícil mas cheguei em um Top 5.

1. Feijoada

Claro que meu prato predileto seria o primeiro da lista. O médico disse que quando eu entrar na dieta sei lá qual o nome, o terceiro step, poderei comer coisas moles. A feijoada está na lista.
Claro que o torresminho deverá ser desprezado por enquanto, mas tudo bem, a minha parte predileta da feijoada é o arroz e o feijão com o sabor de todas aquelas carnes suculentas, com um toque do molhinho apimentado e farofa, claro.

2. Cheeseburger
Esse foi um i
tem que pensei muito se deveria entrar na lista ou não. Ah! o que eu posso fazer? Adooooro. Pic Burger do Fifties, o de Picanha do Prime Burger, todos. O cheeseburger de picanha que o Domênico faz é o melhor que eu já comi. Ele pega a picanha maturada (a melhor da vitrine) e pede para açougueiro moer, teve casos que chamaram a gerência. Aí cuidadosamente, ele faz os bolinhos com a melhor carne argentina, um pouquinho de sal e pimenta, e pronto. É demais. Mas, voltando ao assunto, o cheeseburger no top 5 não foi escolhido somente por que me faz salivar só de pensar, mas por que estou morrendo de vontade de morder um sanduíche. Sabe quando você pega aquele x-tudo lindo que mal cabe na sua mão e dá uma mordida gigante? É isso que eu quero. Com muito muito queijo.

Essa foto (abaixo) foi a penúltima vez que fui no Prime Burger antes da cirurgia. Cheese-salada-picanha com bacon. Lindo, não? Adooooro o Prime
.
3. Spaghetti meat balls Esse estou com vontade desde novembro, em Nova York, quando entramos em uma pizzaria e o cara na mesa da frente estava comendo um prato lindo, farto. Quase nos fez abandonar a pizza. Quero um prato fundo, lindo, quentinho, com muito muito muito parmesão ralado. Desde aquele dia estou com muita vontade, então, já para a lista!

4. Lombo assado, arroz e batata bolinha

Da minha mãe, claro. Genial!
Sabor de Natal! Esse é um dos pratos que tem cheiro, gosto e apresentação de ceia de Natal. Adooooro comida natalina! O lombo fica com aquela casquinha linda por fora e suculento por dentro, Ai! Minha mãe faz um arroz com cenoura ralada e uvas passas para acompanhar. E a batata bolinha? Posso ficar horas descrevendo essa delícia. Merece um post. O próximo.

5. Paella
Estavam faltando os peixinhos na lista. Paella... hummm... De novo estou colocando o Domênico em apuros, mas o que eu posso fazer? É de longe a melhor que eu já comi.
Ele decora com camarões gigantes, que quando você morde te traz felicidade, tudo misturadinho com o delicioso arroz amarelinho com sabor de peixe com gostosura. Paella me fez repensar o meu desprezo por ervilhas.
(Na foto, babem. Paella do Domênico.)


Pronto, agora não tem mais como voltar atrás. Essa é minha lista.

Dieta.

Palavra que escuto desde a internação.

No hospital refeição é dieta, mesmo aquela da bandejinha bonitinha. Nos tempos de sonda, quando iam ligá-la, diziam sorrindo: hora de ligar a dieta. Tinha uma enfermeira fofa que dizia Dietinha.


Nada do que você fale sobre a sonda de maneira fofa vai torná-la mais agradável.

Dieta... humpf...


Desde que saí do hospital (4 dias já) entrei na Dieta Líquida, charmoso não? Isso quer dizer que só posso comer coisas que não necessitam de mastigação, hummmm.... dá até fome falando assim.
(Minha Dietinha Líquida)


Eu quero uma refeição! Entrada, prato principal, sobremesa, até o cafezinho com bolachinha! Também estou louca de vontade de comer um pão!

(Respira).

Sei que a Dieta é necessária e estou aguentando bem (fora umas pequenas crises como a de cima) mas não vejo a hora de voltar à vida normal, à vida melhor na verdade, agora que não tenho mais esse probleminha no queixo.

Minha mãe tem sido maravilhosa nesse processo, a Dieta Líquida feita por ela é bem saborosa.

Highlight da Dieta Líquida: sopa de feijão, apesar de estar bem batidinha, líquida, foi demais sentir o gostinho de feijão depois de tantos dias.

Ah! Daqui a pouco vou para o segundo step: Dieta Pastosa. Hummmm...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Kit Festinha.

Não sei por que me lembrei disso, mas lembrei e deu saudade. Me deu vontade de postar e pronto.

Quando eu era pequena tinha a moda do Kit Festinha, todo aniversário na sala da escola vinham aquelas lancheirinhas prontas com salgadinhos, docinhos, um refrigerante, o bolo embrulhadinho em um papel alumínio e, é claro, a lembrancinha. Não sei se hoje em dia ainda existe isso. Eu achava um máximo.

Era uma lancheirinha de plástico amarela e quando você abria se tornava uma bandeja com lugar para encaixar o refrigerante (adorava essa parte). Quem se lembra disso?

Claro que quando chegou a minha vez não quis ficar atrás, eu tive minha festa na sala com o Kit Festinha. Creio que fiz isso na primeira e segunda série.

Adorava aquilo, curtia toda a história. Guardava a lancheirinha com muito cuidado, levava para casa e durava ainda muito tempo. Ah! e eu adorava o fato de tomar refrigerante direto da latinha, me achava um máximo, muito adulta.

Mas o que eu mais gostava no saudoso Kit Festinha era o bolo embrulhadinho. Lembro do sabor até hoje e posso descrevê-lo em detalhes. Pegar o bolo recheado, molhadinho, cortado em pedacinho, embrulhado em papel alumínio e guardado na geladeira de véspera, isso é genial! Deixa o bolo ainda mais gostoso, pode acreditar.

Se eu pudesse comer comidinhas não-papinhas, faria um bolo agora mesmo com todo o processo de embrulhar só para comer amanhã.

Good times de Kit Festinha. Não consegui encontrar uma foto dele na Internet.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Diner.

Uma das coisas que mais curtimos na viagem a Nova York em novembro foi comer nos Diners. Acordávamos no hotel e imediatamente dizíamos: café do Daiiiiiiniiiii!!!

Sei que não posso comer nada consistente ainda, meu mundo resume-se à papinhas de nenê por enquanto, mas depois de tanto box de seriados eu estou morrendo de vontade de fazer aquela refeição americana, do tipo nada saudável.

É muito engraçado o que está se passando comigo, tenho vontade de comer muitas coisas que eu não posso, mas essa paciência que adquiri no hospital me diz para esperar e me acalmar, eu preciso sarar completamente. Pois é, eu adquiri paciência. Sou capaz de cozinhar coisas deliciosas hoje e não chorar por que não posso comer. Essa paciência é muito nova para mim, estou adorando essa "new me".

Enquanto não posso comer, posso sonhar. Olha a minha cara de felicidade em novembro no Diner perto do hotel.
Quando disse que a maior parte das fotos de minhas viagens eram dos pratos que provei, segue um pedacinho das fotos de coisas deliciosas que comemos no Diner perto do hotel, durante uma semana que passamos lá.

Não existe lugar como nosso lar.

Dorothy disse três vezes batendo seus sapatinhos e foi assim, como mágica, que ela conseguiu voltar para casa.

Confesso que foi somente a partir do quinto dia de hospital que desejei ir para casa mais que tudo, no começo estava curtindo, assim como a Dorothy, mas depois tudo ficou muito mais difícil. Queria ir para casa, desejei muito, cada segundinho, bati os sapatinhos e consegui.


Depois de 20 dias, 3 cirurgias eu estou em casa!
Sem sonda, sem medicamentos na veia, sem aquele ambiente que faz o tempo passar devagar, muito devagar.


No hospital não consegui conectar mas comecei a escrever esse blog, foi por isso que postei os três primeiros de uma vez (abaixo).

CHOCOLATE QUENTE
Depois de muito sonhar com comida, a primeira coisa que pedi assim que o doutor tirou a sonda do meu nariz foi um chocolate quente.

Chorei de alegria quando ele tirou a sonda, depois disso, o chocolate, a minha cama, a primeira sopa, tudo foi degustado e agradecido como se eu tivesse acabado de nascer.

Foi o melhor chocolate quente da minha vida!

Cheirinho de comida.

(03 de abril de 2008. 18h)

Todo mundo sabe que quando não podemos fazer certas coisas dá mais vontade ainda de fazer. Comer. Quero comer.

Aqui no hospital as horas das refeições não passam despercebidas, embora a bandejinha não entra no meu quarto e a porta fica fechada, não tem jeito o cheiro da comida quentinha entra e é de fazer cair de bom.

Hoje o era de carne com molho… Hummmm … fiquei pensando em uma carninha ensopada com arroz, batata e cenoura. Sabor de cuidado, saudável, tipo aquela que a mãe da gente faz. (Que tortura!)

Outro fato interessante é que com a sonda ao menos eu posso ingerir água pela boca, mas só água pura e cristalina, nada além disso. Às vezes estou assistindo TV e passam algumas cenas de pessoas bebendo sucos e refrigerantes geladíssimos, a minha boca chega a salivar, aí pego meu copinho com água e canudinho e fico imaginando tomar um daquele. (humpf…)

Meu maior momento de loucura aqui dentro com a minha amiga sondinha foi quando falei seriamente para minha mãe que depois que sair daqui comprarei um Juicer. (Socorrooooooo).

O Nome.

(03 de abril de 2008. 18h)

Há um tempinho atrás contratei o Jonas, um carioca entusiasmado. Logo percebi que sua paixão por comida era algo que poderia competir com a minha.

Com a chegada desse reforço faminto na equipe, foi iniciado uma espécie de ritual na equipe: todo dia, perto da hora do almoço começa a rolar a pergunta: O que comer?

Até nos dias em que não posso participar do almoço eu opino na escolha do lugar e prato.

Assim como eu, ele não admite qualquer cardápio assim logo de cara antes de analisar as opções e sexta-feira é dia sagrado – dia do almoçar direito.

Portanto todo dia temos a rodada do que chamamos de Search ou Quest for the flavor.
E o Jonas todo dia solta a mesma frase: O sabor deve prevalecer!

Adorei essa expressão, traduz muito do que sou. Pessoas entusiasmadas com comida são do meu time. ☺

Antes de entitular esse blog eu pedi permissão a ele, é claro.

Começando. No Hospital.

(03 de abril. 15h)

(ooops ficou grande. Sorry.)
Essa introdução não é para chocar ninguém, também não tem a menor intenção de provocar pena ou dó de mim (credo), é apenas para compartilhar um pouco da minha nova visão sobre as coisas, sobre mim e o mundo e, é claro, sobre a minha paixão incontrolável por comida.

Dia 19 de março me internei no Hospital São Luiz para uma cirurgia (programada), um problema de saúde no queixo que precisava ser reparado com certa urgência, e desde então estou aqui. A cirurgia, Graças a Deus, foi um sucesso. A recuperação bem mais difícil do que eu esperava.

Descobri o quanto consigo ser forte, claro que descobri e aprendi muuuuuuito mais coisas que não cabem aqui.

Há muito tempo tinha vontade de escrever sobre comida, mas escrever o que? Cheguei a pensar em fazer um Flickr só disso, a maior parte das minhas fotos de viagens são dos pratos que provei. Eu sou uma pessoa absolutamente apaixonada por comida, posso ficar horas conversando sobre o assunto, indicando lugares, sonhando com o que vou comer amanhã, com o que comi ontem. Adoro comer desde um risotto em um restaurante bacana até comida chinesa direto da caixinha sentada no chão da sala assistindo filme.

E acredito que não por acaso o destino me pregou essa: um problema de saúde na boca.

Desde a programação da cirurgia estava claro que eu passaria no mínimo 2 meses comendo papinha de nenê e, em todas as consultas eu perguntava ao doutor: “Quando poderei comer feijoada? E coxinha? Pic Burger?” Para mim aquilo tudo já era meu grande sacrifício.

Bom, a cirurgia foi um sucesso, estava pronta para ir para casa 5 dias depois e foi aí que apareceu um probleminha, um machucadinho na gengiva. Conclusão: nova intervenção. That’s right: 2 cirurgias em uma semana.

O que vejo disso hoje é que sem essa segunda cirurgia eu teria ido para casa sem nem ter aprendido ou acordado para as coisas que realmente importam.

Pelo susto e dessa vez por excesso de cuidados voltei da segunda cirurgia com uma sonda para me alimentar. Nem papinha de nenê, nem suco de cenoura, nada. Tudo pela sonda. E estou aqui com ela até agora, hoje faz 01 semana e a previsão são mais 3 dias (no mínimo).

Então a primeira foto do primeiro post é do que estou comendo agora. A comida é um líquido mega nutritivo, sai de um saquinho com uma embalagem que parece de sabonete e vai tudo para um canudinho do nariz ao estômago…. Huuuuuuuummmmmm.
O ponto de eu contar toda essa história é que, eu continuo apaixonada por comida, mas hoje dou muito mais valor para cada coisa que podia e poderei fazer assim que sair daqui.

A minha recuperação me lembrou de algumas coisas: o quanto é bom respirar, comer, falar e se locomover livremente sem ter 200 fios te segurando em um aparelho.

Nessa recuperação obrigatoriamente poupei 2 coisas muito preciosas: Falar - fiquei alguns dias sem falar (tinha um bloquinho) e agora falo bem pouco (e ficará assim até fim de maio) e Comer. Quem me conhece sabe o quanto essas duas coisas são vitais para mim.

Se minha história servir de inspiração: Aproveite cada segundinho e cuide de você, muito.